quarta-feira, 21 de março de 2012

. . . com amor e saudade'





O que  mais machuca na partida de quem amamos, é o desaparecimento súbito de todas as particularidades que se vão junto a ela. Essa tortuosa e repentina saída, de quem finda sua trajetória por aqui e voa para outra dimensão; a quem fica resta à dor da perda de  alguém tão amado  que lhe foi arrancado com força bruta, sem antes nos prepararmos para isso. Levaram tudo, se foi tudo: o corpo, a voz, o jeito de  olhar, o tom da pele, a expressão corporal que tinha ao silenciar e observar. Essas e outras coisas são inesperadamente  tiradas de nós, e jamais reencontradas em qualquer outro ser ou lugar nesse mundo.
Começa a doer (muito), a ausência do tom da risada, o registro da voz, a textura do abraço. Fica, de cara, uma ausência incompreendida, estranha. Percebida pelos sentidos que correm para contar ao coração. e esse sofre.
Essa inexistência física, das particularidades já citadas, um lugar que nos permita encontrar o que habitualmente encontrávamos e, agora já não existe. Esse estranho fechamento da cortina, quando o show acabou para ele, mas continua para nós (...)
Existem sim, outros brilhos, outras coisas a serem vistas e vividas, mas até encontrarmos forças para isso, a saudade perturba, e dói, dói muito.
Fica um vazio, pois não há, por meio natural, um número para ligar e contar as novidades do dia, podendo ouvir as  reflexões sabias de quem só queria mesmo me ensinar á ser feliz . Saudade da ultima frase que dizíamos, antes de terminar a ligação,  - “se cuida” . .  “To cuidando, filha” você  falava. E cuidou, de si, de mim, enquanto  lhe foi permitido.
Aprendi, nesses quase três meses, apenas DEUS pode  nos trazer o conforto necessário para continuar. E contrário do que muitos pensam o tempo não cura nada. A saudade e a dor são infindáveis, com o passar dos dias apenas aprendemos a lidar melhor com elas. Tô aprendendo. . . e todas as  vezes que ela apertar de maneira insuportável, poderei te encontrar dentro do meu coração. Nos momentos difíceis  de indecisão, não o terei aqui para me orientar o caminho. mas  posso fechar os olhos e saber exatamente o que me diria, se pudesse dizer.
Aprendi a ver e sentir seu sorriso dentro de minha memória, congestionada com  as melhores lembranças, que fazem com que tudo fique ensolarado, mesmo se meu céu do momento for cinza.
A verdade é que ninguém morre se continuar vivo dentro de nós,  isso eu aprendi com o amor. Existe sim um lugar preparado para nosso reencontro e,  enquanto esse dia não chega, viverei da maneira mais digna possível. Pois levar a vida com dignidade, foi a maior lição que pude aprender contigo
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Pai, com amor e saudade.

Kariny